domingo, 9 de junho de 2013

Políticos, cupins e outras pragas
* Ricardo Barbieri

Feito nas coxas é uma expressão genuinamente brasileira.
Sua origem está no Brasil Colônia quando, as telhas de barro que cobriam as casas eram moldadas nas coxas dos escravos. Como eram pessoas diferentes, as telhas tinham formatos diferente. Obviamente o telhado ficava irregular.
Quando alguém perguntava o motivo da imperfeição, a resposta vinha como: “é porque foi feito nas coxas…”
Nossos governantes, como são tradicionalistas, além de corruptos (ou até por este motivo) patrocinam obras publicas precárias, como, por exemplo, os estádios para a Copa do Mundo que andam mambembes, com vazamentos e mal acabados. E assim será para as arenas Olímpicas. Afinal, é parte de nossas tradições fazer as coisas nas coxas.
Portanto, não adianta dar chilique e sair mandando segurança segurar (sic) os críticos para dar-lhes uns bofetões. Porque isso não resolve, não absolve, nem limpa a ficha de político mal-caráter.
Simpatia é quase amor; nome de bloco. Simpatia é fingimento; perfil de político. Se bem que tem os antipáticos também. Tem governante que não faz a menor questão de parecer simpático. Diz que não deve satisfações a ninguém e que se dane o povo. Afinal, sabe que outra de nossas tradições é memória fraca. Na hora de votar, o povo vai em nome que soa familiar. Mesmo que seja porque o cara só vive metido em escândalos com empreiteiras.
Depois do terrível incêndio pelas bandas de Caxias, um grupelho de pragas se reuniu para, na frente da TV, apontar o dedo um para o outro. Não sem antes deixar claro (claríssimo) que as pessoas que se virem. Eles é que não assumirão nenhuma despesa com esse povo.
Político canalha é mesmo uma praga por estas banda latino americanas de língua portuguesa.
Uma coisa curiosa. Outro dia, ao consultar uma empresa de eliminação de pragas, recebi a orientação de que seria preciso reconhecer o tipo de cupim.
Isso me fez pensar. Uma empresa de eliminação de pragas que atendesse ao Congresso precisaria saber que tipo de político existe por lá, desenvolver um inseticida eficiente que eliminasse as pragas completamente senão daria cria e os filhotes dos insetos, sabemos, são mais resistentes que os progenitores.
A solução é a prevenção. A assepsia na cabeça do eleitor é o caminho. Essa assepsia é feita com educação para a cidadania, incentivo ao senso crítico e debates públicos.
E não me venham colocar uns caras para censurar redes sociais. É, porque agora, na rede, babaca recebe o nome de “moderador”. E esses pregos proíbem tudo. Não pode falar, não pode contar, não pode rir. Tudo é proibido menos puxar o saco. Um mundo de puxa-saco deve ser desesperador. É a desesperança transviada em alienação.
Também não venham colocar a tropa de choque nas ruas para calar aqueles que expressam o livre pensar com spray de pimenta, teaser e cacetete. Um mundo de brucutus é a volta ao planeta dos macacos (o filme).
O pior de tudo é que todo mundo aceita essa canalha “numa boa”. Vai entender…

* Ricardo Barbieri é engenheiro, empresário, compositor e comentarista de Carnaval.”